domingo, 19 de junho de 2011

A Çituassão está gramática!

Eu não entendo o Brasil: se por uma lado (no caso, o de trás) o STF (Soltando Totalmente a Franga) liberou as relações estáveis homoafetadas, por outro lado, o MEC resolveu perseguir a Língua Portuguesa, independente do gênero, número e grau.
Num caso flagrante de gramaticofobia, os livros escolares agora estão ensinando que falar e escrever errado não tem nada demais. Na verdade, o governo está implantando no país um novo método pedagógico e revolucionário: a Demagogia do Oprimido.

O MEC (Ministério dos Erros de Concordância) não vai parar por aí: o ministro Fernando Errahd vai tornar obrigatória a introdução no currículo escolar do idioma sindical, a Língua Presa.
Essa grande virada na educação brasileira começou com o presidente Luís Sintáxio Lula da Silva que nunca acertou uma concordância na vida. Alíás, minto: a única concordância que o Lula aceita é a concordância verbal, a que trata do uso das verbas públicas.
Por falar em Dramática, quer dizer, Gramática, vamos fazer um pequeno exercício de Análise Sintática.

Na oração: O MINISTRO PALOCCI FATUROU UMA GRANA PRETA, quem é o sujeito?
Bem, o ministro Pallocci não é sujeito. Sujeito à investigação.
O que existe, na verdade, é um sujeito oculto: o sujeito que pagou a consultoria mas não quer aparecer de jeito nenhum.
E o predicado? Não tem predicado, só tem prejudicado. No caso, o contribuinte.
A única coisa que está errada mesmo na oração é a expressão “grana preta”, um flagrante exemplo de preconceito linguístico contra as minorias “diferenciadas”.
Na verdade, o politicamente correto seria: O MINISTRO PALOCCI FATUROU UMA GRANA AFRO DESCENDENTE.

Profª Drª Marly  A. Cardone, advogada e profª de Direito do Trabalho e da Previdencia Social

sábado, 11 de junho de 2011

Como fazer uma redação nota 10 no Enem

Visite o site abaixo e veja as orientações de como fazer um bom texto dissertativo-argumentativo, pedido no ENEM e em importantes vestibulares.

http://veja.abril.com.br/blog/enem-vestibulares/

domingo, 5 de junho de 2011

Como redigir uma carta argumentativa


Vestibular da Unicamp - Carta



A carta é uma das modalidades de redação que a Unicamp oferece como opção aos candidatos. O estudante não deve preocupar-se com seu aspecto formal (data, vocativo, fecho); o que se examinará no vestibular é o conteúdo do texto e a destreza com que o assunto é discutido. A abordagem da carta é argumentativa, permitindo a exposição ou discussão de determinado assunto. Algumas propostas da Unicamp predispuseram o candidato a assumir um ponto de vista, posicionando-se favorável ou desfavoravelmente à “produção independente”, ao “preconceito contra os mendigos” e ainda à “manutenção do voto obrigatório”.
Nos últimos vestibulares, a UNICAMP tem proposto temas que induzem o candidato a adotar um posicionamento definido em relação a questões invariavelmente polêmicas. O candidato deverá usar argumentos convincentes em sua carta, com a clara intenção de persuadir o interlocutor.
Caso você queira empregar procedimentos formais em sua carta, observe abaixo algumas formas de tratamento e a quem se dirigem:
Vossa Alteza para príncipe – rei
Vossa Eminência para cardeais
Vossa Excelência para arcebispo - bispo - deputado (federal e estadual) - embaixador - general - governador de Estado - juízes - ministros - prefeito - presidente da República - secretário de Estado - senador – vereador
Vossa Magnificência para reitor
Vossa Majestade para rainha – rei
Vossa Reverendíssima para sacerdotes
Vossa Santidade para Papa
Vossa Senhoria para chfe de seção - diretor de repartição pública - funcionário (abaixo de ministro) - major - oficiais até coronel - tenente - tenente-coronel.
Observe que, utilizando qualquer dos pronomes de tratamento, o verbo deverá ficar na 3º pessoa do singular, assim como os demais pronomes. EX.: Vossa Excelência poderá ocupar o gabinete, tão logo seu pedido seja deferido.


USO DA COLETÂNEA

A coletânea deve servir como ponto de partida, na medida em que fornece informações para o desenvolvimento da redação que, por sua vez, precisa ser compreendida por qualquer leitor, mesmo por aquele que não tenha tido acesso à coletânea. Ou seja, você deve escrever como se o seu leitor não conhecesse a coletânea; as informações dela extraídas devem ficar bem integradas e devidamente explicadas em sua redação.

PROPOSTA DE REDAÇÃO (CARTA)
Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água (ANA). A carta deverá argumentar a favor da criação do novo órgão que, como a ANP, a ANATEL e a ANEEL, terá a finalidade de definir e supervisionar as políticas de um setor vital para a sociedade. Nessa carta, você deverá sugerir ao congressista pontos de um programa, a ser executado pela Agência Nacional da Água, programa que deverá incluir novas formas de controle.

Atenção: ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar

Gostaríamos de esclarecer que o que se espera como resposta a esta tarefa específica não é simplesmente uma carta, mas uma carta argumentativa dirigida a um interlocutor definido, que deverá ser convencido (ou persuadido) de determinada questão. Para fazer isso, você deve identificar, em primeiro lugar, quem é o seu interlocutor e, em segundo lugar, a questão que está sendo abordada, bem como os argumentos, opiniões ou pontos de vista sobre essa questão que aparecem na coletânea. Em seguida, você deve selecionar, dentre os argumentos, opiniões ou pontos de vista identificados, aqueles que melhor se prestam à análise que você pretende fazer da questão, e trazer outros argumentos do seu conhecimento que sejam pertinentes à questão discutida e integrá-los ao seu texto.
Além disso, escrever uma carta argumentativa não significa apenas argumentar defendendo um ponto de vista, mas, sobretudo, é preciso direcionar a argumentação ao interlocutor definido pela prova(...)

Exemplo de redação bem avaliada

São Paulo, 28 de novembro de 1999.

Caro deputado Inocêncio de Oliveira,

Decidi escrever esta carta para o senhor após ler algumas declarações suas contrárias à criação da Agência Nacional da Água (ANA), idéia que, defendida pelos inúmeros grupos de proteção dos recursos hídricos e do meio ambiente, faz parte de um movimento mundial para melhor gerenciamento das fontes de água doce e seu aproveitamento racional. A oposição movida no Congresso Nacional pelo senhor e por inúmeros de seus colegas parlamentares a um projeto que está conseguindo agregar grande parcela da opinião pública parece advir de uma aliança entre interesses próprios e falta de noção do valor que sempre representa e que, especialmente no próximo século, representará a posse de água.
Um primeiro aspecto que move a oposição à criação da agência é a perda das vantagens que a posse da água sempre lhes garantiu. Em seu caso, por exemplo, a posse da água na sua cidade de origem, em meio ao sertão pernambucano, sempre possibilitou que a divulgação de idéias demagógicas de combate à seca garantisse os votos de sua região e sua cadeira no congresso nacional. Outros congressistas, por outro lado,
aproveitam-se da falta de controle sobre mananciais de rios para criar projetos de ocupação irregulares, com baixo custos, possibilitando fraudes. Enfim, dentro de uma perspectiva de pequeno alcance, a oposição da qual o senhor faz parte permanece presa à manutenção de antigos privilégios, sem atender a um projeto mundial, algo além de sua visão.
A perspectiva de que se reveste o projeto é mais global, faz parte de uma idéia que valoriza a importância histórica da água e seu poder num mundo em que as reservas de água diminuem constantemente. A posse da água, que moveu civilizações inteiras no decorrer dos séculos, sempre agregou valores; não só econômicos quanto culturais. Faz parte da cultura egípcia, por exemplo, agradecer aos deuses a posse do Nilo. Tratase de uma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo uma discussão mundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria a corroborar essa tendência mundial. Representaria um meio de controlar o uso da água no Brasil, assegurando a punição de indústrias e setores responsáveis pela poluição de rios e pela ocupação indevida de mananciais; a cobrança de taxas sobre grandes usuários de água; uma política de uso racional dos rios na produção de energia elétrica. Além disso, a agência deve zelar pela distribuição eqüitativa da água, tanto em cidades, quanto no meio rural, promovendo até a perfuração de poços artesianos na sua cidade natal, acabando com a falta de água. Não há, também, como esquecer-se de uma campanha de conscientização pública do adequado uso da água. Atrelado ao poder público, a ANA deveria promover, também um panorama de
nossos recursos hídricos, para que toda uma política possa se realizar em sua plenitude.
O senhor, portanto, atento à importância da água no mundo de hoje, deve pensar mais cuidadosamente sobre o projeto, algo que nos prepararia melhor para o próximo milênio, um período que reserva, para países que agem com uma mentalidade como a sua, uma realidade onde a posse da água terá maior valor que a posse do dinheiro, quando as guerras serão promovidas pela posse de rios e mananciais. Espero não estar nesses países. Nem o senhor.

 Atenciosamente,
TSA

Comentário
No caso desta redação, a imagem que o candidato faz de seu interlocutor é baseada em conhecimentos prévios que ele tem a respeito do deputado que escolheu para ser seu interlocutor na carta argumentativa. O candidato sabe que Inocêncio de Oliveira é proveniente de Pernambuco, de uma região onde falta água, e constrói, a partir dessa informação, uma imagem carregada de uma avaliação pessoal que o caracteriza como um parlamentar que leva vantagem com a situação de seca da região que o elege e o mantém no poder. O candidato justifica a imagem de demagogo que faz de Inocêncio de Oliveira, ao afirmar: a posse da água na sua cidade de origem, em meio ao sertão pernambucano, sempre possibilitou que a divulgação de idéias demagógicas de combate à seca garantisse os votos de sua região e sua cadeira no congresso nacional.
Veja que se o candidato somente chamasse Inocêncio de Oliveira de demagogo, sem fundamentar sua opinião, correria o risco de estar estabelecendo um juízo de valor, que não tem força argumentativa. O que ele fez, no entanto, foi vincular o fato de o deputado não ser favorável à criação da ANA ao privilégio de manter-se no poder graças aos votos angariados em sua seca região, através de promessas demagógicas a respeito do problema da seca.
Trata-se, segundo o candidato, de interesses próprios que fariam Inocêncio de Oliveira ser contrário à criação de uma agência nacional da água. Aos interesses particulares do deputado do PFL, o candidato contrapõe a iniciativa da criação da ANA, relacionada a um movimento mundial que visa ao melhor gerenciamento das fontes de água doce e seu aproveitamento racional, ligada, portanto, a interesses gerais da população.
Nesse sentido, o candidato aponta a falta de noção do valor da água de Inocêncio de Oliveira, que não a estaria valorizando em virtude de valores ideológicos próprios e não estaria percebendo que o que move a iniciativa da criação da ANA faz parte de um projeto global de valorização da importância da água: trata-se de uma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo uma discussão mundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria a corroborar essa tendência mundial. E nesse momento do texto (3 o  parágrafo), o candidato apresenta os pontos do programa que seria executado pela ANA, integrando várias informações extraídas da coletânea.
Pode-se dizer que o desempenho deste candidato está bem acima da média, se comparado com o universo dos candidatos. O fato de ele construir uma imagem de seu interlocutor e explorá-la argumentativamente, isto é, o fato de construir a imagem de um deputado demagogo, eleito a partir de uma região de seca do Nordeste, torna verossímil que tal deputado seja contrário a políticas que visem a um melhor aproveitamento das fontes de água existentes no país, dado que isso poderia ameaçar a manutenção de seus privilégios. Ora, a postura ideal de um político sério seria a de procurar representar os interesses da população que o elegeu e não é isso o que o deputado faz, ao negar a criação da ANA. Na argumentação do candidato, fica claro que a criação da ANA estaria vinculada diretamente, como apontamos acima, aos interesses gerais da população, tendo em vista os diferentes benefícios que tal agência poderia gerar.

1º exemplo de redação anulada

Campinas, 28 de novembro de 1999.

Deputado Carlos,

Li com muita atenção algumas notícias públicadas em vários jornais sobre a falta de água no país, mais já estão discutindo sobre a criação da Agência Nacional da Água, isso não é tão importante. O que deveria ser feito é a criação de um novo órgão como a Agência Nacional do Petróleo, porque observamos que no século em que estamos existem muitos automóveis circulando e gastando petróleo. Sabemos que daqui à alguns anos não terá mais petróleo para todos esses carros.
Devido este fato o Senhor deveria organizar uma reunião com os outros políticos para discutir sobre esse novo órgão, para que daqui à alguns anos não correr perigo dos automóveis ficarem parados sem ter combustíveis.
Deputado o Senhor já imaginou tendo um carro em casa e não poder usá-lo por falta de petróleo.
Deputado a criação da Agência Nacional da Água não é importante pois à água cai do céu e o petróleo não.
Gostaria que o Senhor batalhasse para a criação da Agência Nacional do Petróleo seja feita.

Atenciosamente,
M.O.S.

Comentário
Uma surpresa para a Banca foi a recorrência de um equívoco de leitura do enunciado da prova que fez com que alguns candidatos se confundissem e escrevessem contrariamente à criação da ANA. O enunciado dizia: Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água... (grifo nosso)
Os candidatos que cometeram o equívoco leram “contrário” como “contrariamente” e associaram tal “advérbio” ao verbo “redija”; daí redigirem uma carta argumentando contrariamente à criação da ANA. O que se espera, no entanto, é que os candidatos sejam capazes de reconhecer os diversos registros da língua portuguesa e que tenham domínio da linguagem padrão utilizada na escrita.
Perceba que a redação acima reflete bem a leitura equivocada do enunciado, na medida em que o candidato, além de negar a criação da Agência Nacional da Água, propõe a criação de um “novo órgão”: a ANP.
Nesse momento o candidato revela um novo equívoco de leitura, decorrente daquele. No enunciado da prova, a Agência Nacional da Água é retomada por “novo órgão”; o candidato, porém, lê “novo órgão” não como expressão que se referia à ANA e, portanto, propõe um novo órgão.

2º exemplo de redação anulada

Campinas, 28 de novembro de 1999

Ilmo. Raimundo José Garrido,

Atualmente a criação da Agência Nacional da Água é de fundamental importância para o país, já que esse elemento vem se tornando cada vez mais escasso no mundo inteiro, apesar de ser muito abundante
em algumas regiões do Brasil, uma quantidade considerável está poluída.
Vários programas para preservação e controle poderiam ser criados. A Agência iria fiscalizar e multar ou até fechar empresas que estariam jogando dejetos sem tratamento adequado nos rios e corregos, pois grande parte da poluição vem de indústrias e fábricas, pois atualmente não há nenhum orgão do governo fiscalizando essas irregularidades e se há, estão atuando muito precariamente.
A Agência Nacional da Água trabalhará junto com o Ibama, para proteger as matas siliares de nascentes rios e corregos para evitar o assoreamento destes. Ela gerenciará programas para irrigação no nordeste, já que atualmente isso é pouco explorado no nosso país. Isso ajudaria a diminuir a fome e a miséria no sertão nordestino e como conseqüência a diminuição da pobreza nessa região.
            A Agência dará apoio a pesquisas para uma melhor utilização de recursos hídricos, pois assim teremos como aproveitar melhor a água e tratá-la para reaproveitar ela de um modo mais eficiente. Desenvolver também projetos para recuperar rios poluidos e recuperar a vida que eles possuiam antes. Tentar descobrir como retirar água do subsolo, já que o pais possui uma das maiores reservas de água do mundo, mas essa grande reserva se encontra no subsolo. Outro fator importante é desenvolver essas pesquisas e projetos dentro de faculdades e centros de pesquisas brasileiros, pois ajuda o país a se desenvolver e a poupar dinheiro.
A água é um recurso fundamental para a vida de todas as espécies e seres vivos da terra.

Obrigado pela atenção,
RAC

Comentário
Quando se fala em carta argumentativa, espera-se que o interlocutor não seja esquecido, isto é, que ao longo do texto a interlocução seja mantida. É lamentável encontrar casos como a redação acima, em que o candidato escreve uma dissertação, utilizando até mesmo bons argumentos que convenceriam qualquer um da posição defendida. É justamente aqui, porém, que reside um dos problemas: com a carta argumentativa, você deverá convencer o seu interlocutor – e apenas ele – sobre o que se pede, e não qualquer um (leitor universal) como acontece quando se escreve uma dissertação. Não bastam a data, o cabeçalho e a despedida para haver uma carta. É fundamental não esquecer, ao longo do texto, que você está escrevendo para uma única pessoa e isso significa que deverá utilizar as chamadas marcas de interlocução (vocativos, pronomes) que configuram uma espécie de “diálogo” entre os interlocutores: você e o destinatário de sua carta.
Tenha em conta que não é o fato de o candidato ter assinalado que desenvolveria um dos tipos de texto que garante que seu texto está de acordo com o tipo de texto escolhido. Também não cabe ao leitor do texto decidir se ele teria feito uma dissertação, uma carta ou uma narrativa sobre um dos temas propostos. O próprio texto precisa garantir isso, ou seja, precisa conter os elementos característicos do tipo de texto escolhido.

Um último esclarecimento
Frequentemente, chega até nós a seguinte questão: é preciso utilizar “corretamente” o pronome de tratamento na carta argumentativa?
Resposta: Não necessariamente. Se você não souber qual o pronome de tratamento adequado para se dirigir a um congressista, por exemplo, pode chamá-lo de “prezado senhor”, “caro congressista”, “senhor deputado” etc. Não perdem pontos os candidatos que não “acertam” o pronome de tratamento; é muito importante que você entenda que a tarefa pedida tem como objetivo avaliar a capacidade de argumentar no sentido de persuadir um interlocutor definido e que não estamos interessados, como já dito na Introdução, em surpreender ninguém com “pegadinhas” desse gênero...