sábado, 14 de maio de 2011

ARTIGO DE OPINIÃO

Ser humano – Universo único

Desde muito cedo, as crianças são inseridas na sociedade quando passam a frequentar a escola. Nessa instituição de formação escolar que acompanha o desenvolvimento do caráter dos indivíduos, é natural a ocorrência de diferenças entre os que ali convivem.
Manter a ordem e conviver em harmonia dentro desse espaço, que deveria ser referência de educação em seu sentido mais amplo, tem sido uma tarefa difícil e raramente cumprida, é o que apontam os noticiários quando se trata das escolas brasileiras. Professores reféns de alunos, violência de uns para com os outros e desrespeito às regras de convivência têm manchado o sistema educacional do país, contribuindo, sem dúvida, com sua colocação em 53° lugar no ranking do Programa Internacional de Avaliação, segundo dados publicados na Folha de São Paulo.
Quando se diz violência, não se inclui apenas conflitos físicos, mas agressões verbais, chacotas e tudo aquilo que ultrapassa os limites da liberdade alheia, tendo como resultado sequelas muitas vezes irreparáveis às vítimas, gerando mais violência e infelicidade.
A grande dificuldade está na questão de não se saber conviver e respeitar as diversidades culturais, ideológicas, religiosas, sexuais, de padrões físicos presentes e latentes em nosso meio. O primeiro passo para a harmonia na escola e uma sociedade mais justa é descortinar o preconceito, o julgamento e a intolerância a tudo aquilo que consideramos ser diferente; já que todos somos, pois cada ser é um universo único.
Texto da aluna Júlia Rebecca, 3ª. série do EM, colégio Passo a Passo/ Dom Bosco

A linguagem que impressiona

7 dicas vindas do cinema, da literatura, da publicidade e até da política que são capazes de dar molho ao seu texto

Mudar o eixo em que as coisas são apresentadas está no cerne do texto bem escrito. O raciocínio comum funciona dentro de um quadro de referências aparente e familiar. O texto que impressiona diz algo além do que está na superfície, associa o domínio inicial de um problema a outro quadro de referência. Há sempre o que é dito e o que é realizado, a diferença entre o que é enunciado e a enunciação (o que se comunicou, de fato).

E isso vale para a ficção e para o texto argumentativo. A história da cultura, da literatura, do cinema, da publicidade e até da política nos legaram muitas lições sobre como impressionar um leitor. Nas páginas que seguem, sete dicas de variadas fontes podem ajudar o redator a romper com as expectativas e conquistar algo mais do que o esperado. A transposição inesperada de uma qualidade para uma realidade outra é feita ao se recombinar coisas já existentes em outros contextos, dando-lhes novas finalidades - ou ao se modificar o jogo das coisas no momento em que se relacionam. 



Conferiam as 7 dicas:  http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12292

CRÔNICA

CARLOS HEITOR CONY

Emoções

RIO DE JANEIRO - Pode parecer sarcasmo ou leviandade, mas para o cronista mais ou menos irresponsável que sou eu, a notícia da morte de Osama Bin Laden teve, como subproduto, um mérito considerável na mídia universal.
Ela chutou para escanteio o casamento real na Inglaterra, com Londres transformada numa Disneylândia para adultos exaltados e para a mídia deslumbrada. Cansei de ver os cavalos da guarda real.
Não fora a complicada e polêmica morte do terrorista mais procurado do mundo, estaríamos ainda na base de procurar saber qual foi o primeiro café da manhã da lua de mel do casal, como era e de que era feita a camisola do dia (ou da noite) que a nubente usou, os planos do príncipe de fecundar a princesa para garantir a dinastia dos Windsor -temas palpitantes que a mídia exploraria até aos limites permitidos pela decência pública.
Ficamos livres desses emocionantes detalhes e caímos, não no casamento real da Inglaterra, mas na real de um mundo que não se parece com os filmes da Disney. Aliás, não se parece com filme algum, embora produtores e cineastas já estejam levantando custos, locações, roteiros e elencos para fazer dos "Seals" que mataram Osama bin Laden uma tropa de elite como a nossa, que baterá recordes de bilheteria.
Em termos de espetáculo, estamos bem providos, pois além da caçada ao terrorista e do casamento real, ficamos sabendo que nós, os homens deste pobre mundo, somos dotados de um "plus" que a natureza nos deu para devidas ou indevidas finalidades.
Não somente os Windsor se preocupam em manter a dinastia. De certa forma, e com justificado entusiasmo, todos colaboramos para aquela dinastia que Machado de Assis desprezou, fazendo seu personagem mais importante não transmitir a ninguém o legado da miséria humana.
FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011