domingo, 27 de fevereiro de 2011

Vestibular: leituras obrigatórias (2011)

Fuvest e Unicamp

UFPR
- "Anjo Negro", de Nelson Rodrigues;
- "
Dom Casmurro", de Machado de Assis;
- "Felicidade Clandestina", de Clarice Lispector;
- "Inocência", de Visconde de Taunay (Alfredo d'Escragnolle Taunay);
- "Leão de Chácara", de João Antônio;
-
"Muitas Vozes", de Ferreira Gullar;
- "O pagador de promessas", de Dias Gomes;
- "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meireles;
-
"São Bernardo", de Graciliano Ramos;
- "Urupês" de Monteiro Lobato.


UFJF (Vestibular)
Helena - Machado de Assis
Lira dos Vinte Anos - Álvares de Azevedo
Antologia de Crônicas - Org. Herberto Sales
O menino do engenho - José Lins do Rego
Antologia de Contos Brasileiros - Org. Herberto Sales
Sentimento do mundo - Carlos Drummond de Andrade
Civilização e Singularidades de uma rapariga loira (contos) - Eça de Queirós
Incidente em Antares - Érico Veríssimo
Literatura de Dois Gumes (ensaio) - Antônio Cândido
O conto da Ilha Desconhecida - José Saramago
Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto


UFMG
- O Desertor - Silvia Alvarenga
- A Carteira de Meu Tio - Joaquim Manuel de Macedo
-
Contos de Aprendiz - Carlos Drummond de Andrade
- A Estrela Sobe - Marques Rebelo
- O Homem e sua hora- Mário Faustino


UEMG
- Melhores Poemas (seleção Global Editora) - Mário Quintana
-
Contos de Aprendiz - Carlos Drummond de Andrade

» UEMG
1ª etapa
- O Velho da horta - Gil Vicente
- Sátira - Gregório de Matos Guerra
- Neo classicismo/Arcadismo - Cláudio Manuel da Costa e Bocage
- Classicismo - Luiz de Camões
- Barroco - Gregório de Matos Guerra

2ª etapa
- Romantismo - Álvares de Azevedo e Castro Alves
- Parnasianismo - Olavo Bilac
- Realismo - Cesário Verde
- Frei Luis de Sousa - Almeida Garret
- A escrava Isaura - Bernador de Guimarães
- Contos - Machado de Assis (Capítulo do chapéus, D. Paula e Uma Senhora)
- Contos - Eça de Queirós (No moinho)
- Contos Amazônicos - Inglês de Souza (O Rebelde)

3ª etapa
- Simbolismo - Alphonsus de Guimaraens e Camilo Pessanha
- Modernismo - Manuel Bandeira, Mário Faustino
- Fernando Pessoa (heterônimo: Ricardo Reis)
- Novos Contos da Montanha - Miguel Torga (Natal, A confissão, O Lopo)
- Vestido de noiva - Nelson Rodrigues
-
Vidas Secas - Graciliano Ramos

UEL
- Poesias Selecionadas - Gregório de Matos
- Espumas Flutuantes - Castro Alves
- O Bom-Crioulo - Adolfo Caminha
- A Capital Federal - Artur Azevedo
- A Confissão de Lúcio - Mario de Sá-Carneiro
- Contos Gauchescos - João Simões Lopes Neto
- As melhores crônicas de Raquel de Queiroz - Raquel de Queiroz
- A Teus Pés - Ana Cristina César
- Cidade de Deus - Paulo Lins
- O Outro Pé da Sereia - Mia Couto


» UEM
- Contos Novos - Mário de Andrade
-
Dom Casmurro - Machado de Assis
- Melhores poemas - Cláudio Manuel da Costa
- Melhores poemas - Manuel Bandeira
- O calor das coisas - Nélida Piñon
- O cobrador - Rubem Fonseca
- Poesia e prosa completas - Gonçalves Dias
- Senhora - José de Alencar
- Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cor de burro quando foge

O tom que não se encontra nos catálogos nem nas escalas cromáticas

Márcio Cotrim*
Mas então, por que as pessoas se referem a essa cor quando se diz que alguém foge assustado, que dá no pé? A explicação atende a um pedido de um leitor e amigo do Rio de Janeiro.

Ela encerra um equívoco. Na verdade, o burro não muda de cor quando está fugindo - aliás, nem quando escoiceia ou trabalha como "burro de carga". A cor dele é sempre a mesma, o tempo todo. Seu jeitão é manso, pacato, conformado com o triste destino que o oprime. Não se altera, não reclama, nada pede ou reivindica. Mas se alguém o provoca e ele desembesta, saia da frente pois, assustado, o bicho fica feroz, leva de roldão tudo o que encontra pelo caminho. Por tudo isso, a expressão correta é "corra de burro quando (ele) foge". Digo mais: e sebo nas canelas...


*Autor, dentre outras obras, dos livros O Pulo do Gato I e II (Geração Editorial).www.marciocotrim.com.br

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Com diferenças muitas vezes sutis entre si, os tempos verbais diversificam a enunciação

José Luiz Fiorin

Categoria de tempo
Tempo é a categoria que localiza os acontecimentos numa concomitância, numa anterioridade ou numa posterioridade em relação a um momento de referência presente, pretérito ou futuro, estabelecido em função do momento da enunciação. Os tempos, portanto, são: concomitante do presente, anterior do passado, posterior do futuro etc. Temos, assim, nove tempos.

Como se observa, nos quadros destas páginas, temos um presente (concomitante), um passado (anterior) e futuro (posterior) do presente; um presente (concomitante), um passado (anterior) e um futuro (posterior) do passado e um presente (concomitante), um passado (anterior) e um futuro (posterior) do futuro.

Nossa nomenclatura gramatical leva-nos a pensar que os tempos compostos têm o mesmo valor temporal dos tempos simples correspondentes, o que não é verdade, exceto no caso do pretérito mais-que-perfeito, em que a forma simples está desaparecendo da língua do dia a dia. Vimos, por exemplo, que o chamado futuro do presente composto não é tempo do sistema do presente, mas indica a anterioridade do futuro, sendo, portanto, o pretérito do futuro. O pretérito perfeito composto nem sequer designa tempo, mas denota aspecto iterativo, ou seja, a repetição de uma ação: Tenho feito ginástica todos os dias.

O tempo é manifestado ainda pelos advérbios de tempo, que constituem dois grandes sistemas: um indicando concomitância, anterioridade e posterioridade ao momento de referência presente (por exemplo: hoje, ontem, amanhã) e um assinalando concomitância, anterioridade e posterioridade a um momento de referência passado ou futuro (por exemplo: no mesmo dia, na véspera ou no dia anterior, no dia seguinte). Nos adjuntos adverbiais de tempo, o adjetivo próximo se refere a um presente e o adjetivo seguinte diz respeito a um marco passado ou futuro:
"Presidente do clube promete apresentar reforços na próxima semana".
"No final do ano passado, o presidente do clube prometera apresentar reforços no mês seguinte".


José Luiz Fiorin é professor do Departamento de Linguística da USP e autor de As astúcias da enunciação (Ática).

Tempos do momento de referência presente
1 Presente - Concomitante em relação a um momento de referência presente:
"O ator emociona a todos"
A emoção ocorre no momento da enunciação.
Temos um presente que coincide com o momento da enunciação, o presente pontual (Um raio risca o céu); um presente, em que o tempo do acontecimento é maior do que o momento da enunciação (nesse caso, a coincidência diz respeito ao fato de que o acontecimento engloba o momento da enunciação), o presente durativo (No século 20, a pesquisa brasileira dá um salto de qualidade); um presente que indica que a duração do acontecimento é ilimitada, o presente omnitemporal ou gnômico (As placas tectônicas são subdivisões da crosta terrestre que se movimentam de forma lenta e contínua e, às vezes, se chocam).
2 Pretérito perfeito 1 - Anterior a um momento de referência presente:
"Emagreci trinta e dois quilos"
O emagrecimento se dá num momento anterior ao agora.

3 Futuro do presente - Posterior a um momento de referência presente:
"O Brasil será uma grande potência"
O país se tornará uma potência num momento posterior ao agora.


Tempos do momento de referência pretérito
1 Presente do pretérito: Concomitante a um momento de referência pretérito. Esse tempo é expresso pelas formas que denominamos "pretérito perfeito", aqui chamadas "pretérito perfeito 2", para distinguir do tempo anterior do presente, e "pretérito imperfeito"; a distinção entre elas é aspectual: a primeira assinala um aspecto limitado, acabado, pontual, dinâmico; a segunda marca um aspecto não limitado, inacabado, durativo, estático:
"Quando você entrou na Faculdade, eu já estava no último ano"
Estar no último ano é concomitante ao marco temporal pretérito "quando você entrou na Faculdade" e indica uma duratividade no passado.
"No mês de janeiro, choveu muito"
A chuva é concomitante ao marco temporal pretérito "mês de janeiro" e denota um acontecimento acabado.
2 Pretérito mais-que-perfeito simples ou composto - Anterior a um momento de referência pretérito:
"Ele viajou para o exterior com o dinheiro que juntara em seu trabalho"
Juntar dinheiro é anterior ao momento de referência passado "viajar para o exterior".
"Quando cheguei, ele já tinha saído"
A saída é anterior ao marco temporal pretérito "quando cheguei".
3 Futuro do pretérito - Posterior a um momento de referência pretérito. É expresso pelas formas que denominamos "futuro do pretérito simples" e "futuro do pretérito composto"; a diferença é aspectual: o primeiro indica a imperfectividade (o não acabamento); o segundo indica a perfectividade (o acabamento):
"Naquele jogo, senti que meu time não ganharia o campeonato".
Não ganhar é ação que se realizaria posteriormente ao marco temporal pretérito "naquele jogo"; é ação não realizada e, portanto, não acabada no momento do marco temporal.
"No início da CPI, estava previsto que, no começo do recesso legislativo, ela teria terminado os trabalhos".
O término dos trabalhos é posterior ao marco temporal pretérito "início" da CPI, mas é anterior em relação a outro marco temporal "começo do recesso legislativo", indicando, portanto, uma ação acabada em referência a ele.


Tempos do momento de referência futuro
1 Presente do futuro - Concomitante a um momento de referência futuro:
"No ano que vem, trabalharei e estudarei"
Trabalhar e estudar são ações que ocorrem concomitantemente ao momento de referência futuro "no ano que vem"; observe-se que o verbo aqui não indica uma posterioridade em relação ao momento presente, como no caso do futuro do presente.
2 Futuro anterior - Anterior em relação a um momento de referência futuro (expresso pela forma que denominamos futuro do presente composto):
"No ano que vem, terei terminado o curso"
O término do curso é anterior ao marco temporal futuro "no ano que vem".
3 Futuro do futuro - Posterior ao marco temporal futuro:
"Viajaremos, depois que o ano letivo terminar"
Viajar é um acontecimento posterior ao término do ano letivo.

Revista Língua Portuguesa - edição 57